Imagem: Concepção artística
Creditos: WalterGomes via ChatGPT
Quebra-gelo movido a energia nuclear mais potente do mundo
No dia 21 de maio de 2025, a ZiO‑Podolsk, divisão de engenharia da Rosatom, concluiu a fabricação da primeira unidade do reator RITM‑400, destinada ao quebra‑gelo nuclear Rossiya, do Projeto 10510 – futuro maior e mais potente do mundo. Essa embarcação contará com dois desses reatores de água pressurizada, que permitem romper até 4,3 m de espessura de gelo e abrir canais de até 50 m de largura, garantindo a operação contínua ao longo da Rota do Mar do Norte.
O RITM‑400 representa uma evolução significativa sobre seu antecessor RITM‑200, com capacidade térmica de 315 MWt (em comparação aos 165 MWt do modelo anterior) e força de propulsão de 120 MW. A primeira unidade foi finalizada num momento simbólico, coincidindo com os 80 anos da indústria nuclear russa. O CEO da Rosatom, Alexey Likhachev, destacou o impacto dessa inovação na frota de quebra‑gelo e na soberania estratégica no Ártico. A introdução do Rossiya, com previsão de entrada em operação até 2030, fortalecerá a presença russa nas regiões polares. Atualmente, a Rússia opera oito quebra‑geios nucleares e constrói mais três da classe 22220. Esses navios são cruciais para viabilizar a Rota do Mar do Norte, que em 2024 transportou cerca de 37,8 milhões de toneladas de carga – quase 2 milhões a mais que o recorde anterior – e encurtou significativamente o transporte entre Europa e Ásia, reduzindo o tempo de Murmansk ao Japão de 37 para aproximadamente 18 dias.Além da potência técnica, os novos reatores da classe RITM-400 carregam simbolismo. A Rosatom anunciou que as duas unidades que serão instaladas no quebra-gelo Rossiya receberam os nomes “Sibir” e “Arktika”, em homenagem a navios históricos da frota soviética e russa. Esses nomes resgatam a tradição dos pioneiros da navegação polar, destacando a continuidade estratégica da Rússia em sua atuação no Ártico.
Do ponto de vista ambiental, embora o uso da energia nuclear desperte debates, os quebra-gelos nucleares apresentam vantagens em termos de redução de emissões e autonomia operacional. Por não dependerem de combustíveis fósseis em grandes quantidades, eles contribuem para operações mais limpas em regiões ecologicamente sensíveis como o Ártico. O design dos reatores RITM também segue padrões modernos de segurança, sendo uma evolução das tecnologias aplicadas em reatores de pequeno porte.
Geopoliticamente, a ampliação da frota de quebra-gelos nucleares posiciona a Rússia como potência dominante nas rotas comerciais do extremo norte. A Rota do Mar do Norte, cada vez mais acessível devido ao derretimento do gelo polar, se apresenta como alternativa mais curta e eficiente ao Canal de Suez. Com investimentos massivos em infraestrutura e tecnologia, Moscou reforça sua presença militar e econômica na região, o que tem provocado reações e maior atenção por parte de países da OTAN e da Ásia.
Saiba mais | acesse as fontes: