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Museu de Ciências Nucleares

Imagem: Concepção artística
Creditos: WalterGomes via IA

Nove décadas após sua morte, o corpo de Marie Curie ainda emite radiação

Mesmo 90 anos após sua morte, o legado de Marie Curie continua irradiando — literalmente. A cientista polonesa, duas vezes ganhadora do Prêmio Nobel, dedicou sua vida ao estudo da radioatividade e acabou descobrindo dois elementos que mudariam para sempre a ciência: o rádio (Ra) e o polônio (Po). O fascínio de Curie pela energia invisível que emanava desses materiais a levou a trabalhar por horas em laboratórios improvisados, sem qualquer proteção, em uma época em que os perigos da radiação ainda eram desconhecidos.

O resultado dessa dedicação extrema é tão impressionante quanto assustador. Até hoje, seus cadernos de anotações, roupas e objetos pessoais permanecem contaminados por radiação e são guardados em cofres de chumbo:

  • Biblioteca Nacional da França (BnF): É onde se encontram os famosos cadernos de laboratório de Marie Curie. Eles são considerados patrimônio nacional e são armazenados em caixas especiais revestidas com chumbo para conter a radiação. Pesquisadores que desejam consultá-los devem usar roupas de proteção e assinar um termo de responsabilidade.
  • Museu Curie (Musée Curie): Localizado no antigo laboratório do casal Curie, este museu abriga outros pertences pessoais, instrumentos científicos e exposições relacionadas ao trabalho deles. Muitos desses itens também são mantidos sob medidas de segurança semelhantes devido à contaminação radioativa.

 

O próprio corpo de Marie Curie, sepultado ao lado do marido Pierre no Panteão de Paris, ainda emite níveis detectáveis de radiação — um testemunho físico do impacto de seu trabalho.

A exumação dos restos da Marie Curie em 1995, como parte da transferência dos túmulos dela e do marido para o Panthéon em Paris, foi acompanhada por medições de radiação com o objetivo de garantir a segurança dos trabalhadores e entender o grau de contaminação residual.

Os responsáveis pela operação solicitaram auxílio da agência francesa de proteção contra radiações (por exemplo, a Office de protection contre les rayonnements ionisants – OPRI) para avaliar o nível de emissão de partículas no entorno do túmulo.

As técnicas empregadas incluíram a medição da taxa de dose de radiação no ambiente (por exemplo, em micro-sieverts por hora ou nano-gray por hora) para comparar com o nível de fundo natural, bem como a detecção de contaminação por partículas alfa ou beta. Por exemplo, uma publicação indica que no túmulo de Marie Curie foram medidos valores em torno de 90 nGy/h antes de abrir o caixão.

Quando o caixão foi aberto, verificou-se que ele estava revestido com chumbo de 2,5 mm de espessura para conter emissões.

A detecção de partículas específicas (alfa, beta e ocasionalmente gama) foi feita usando detectores de radiação apropriados, como contadores Geiger-Müller, detectores de cintilação ou detectores de semiconductor para espectroscopia de raios gama, de modo a identificar resíduos de isotopos como o Radium‑226 ou seus derivados.

Essas medições permitiram concluir que embora houvesse radioatividade residual — justificando a precaução do caixão forrado de chumbo — os níveis detectados não eram extremos a ponto de representar risco agudo para os trabalhadores, graças também ao fato de que ao longo de sua vida Marie Curie já havia reduzido exposição a materiais extremamente ativos.

Mais do que uma história curiosa, o legado radioativo de Marie Curie simboliza a coragem e a paixão pela ciência que ultrapassam gerações. Sua pesquisa abriu caminho para avanços em medicina, física e energia nuclear, salvando milhões de vidas através da radioterapia. Curie talvez não soubesse dos riscos que corria, mas sua busca incansável pelo conhecimento deixou um brilho que — literalmente — nunca se apaga.

 
Saiba mais! acesse as fontes:

American Council on Science and Health Comment Policy

IFLScience

Acesse o Museu Curie

Musee.curie.fr/visite-virtuelle

Musee.curie

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